O Coringa é, indiscutivelmente, o inimigo mais icônico de Batman. Seja nos quadrinhos ou nos filmes, a aparição do antagonista é provavelmente a mais esperada em qualquer versão do Cavaleiro das Trevas. Embora Gotham tenha inúmeros vilões bem conhecidos, como Charada, Pinguim e o Espantalho, é inegável que o palhaço Príncipe do Crime é o contraponto perfeito do homem morcego.

 

No entanto, ao contrário do Batman, que tem uma das histórias de origem mais conhecidas e bem definidas entre os super-heróis, não se sabe quase nada sobre como surgiu o Coringa. Alguns fãs defendem que isso deve continuar assim, fazendo com que o vilão seja mais do que um simples homem, e sim uma personificação do caos e do “lado sombrio” da moral humana, servindo como antagonista perfeito do Batman, que representa o altruísmo, a bondade e o potencial positivo do ser humano.

coringa

De qualquer forma, sempre que alguém tenta dar uma história de origem para o Coringa, o resultado tende a ser ou incrível ou terrível. Confira abaixo os melhores exemplos de ambos os casos:

 

1 – PIORES: Alfred era o Coringa

 

Em um primeiro momento, a ideia do Coringa ser alguém próximo de Batman soa incrível, sendo particularmente inesperado para alguém como Bruce Wayne, que não confia em quase ninguém. No entanto, quando essa reviravolta foi colocada em prática no arco “Whatever Happened to the Caped Crusader?” dos quadrinhos Batman #686 e Detective Comics #853, foi tida como uma das histórias de origem mais toscas do Coringa.

 

A justificativa seria de que o mordomo Alfred teria criado a persona do Coringa para servir como motivação a Bruce Wayne, durante uma época em que o herói passava por dificuldades em sua carreira como combatente do crime. Além de ser um pretexto absurdo por si só, quando pensamos que Batman é um dos heróis mais inteligentes do universo da DC, não faria o menor sentido que o melhor detetive do mundo não tenha percebido que o seu arqui-inimigo estava bem debaixo do seu nariz.

 

2 – MELHORES: Ele era um comediante que se voltou para o crime

 

A história mais famosa sobre as origens do Coringa é provavelmente a que foi contada em “Batman: The Killing Joke”. Os quadrinhos de 1988 o retratam como um ex-funcionário da Ace Chemicals que tenta a carreira como comediante de stand-up. Com uma esposa grávida e pouco sucesso na nova carreira, o aspirante a humorista se volta ao crime para poder pagar as contas de sua família, procurando ajuda de um grupo de criminosos.

 

Depois que sua esposa morre em um acidente e seu filho nunca nasce, o homem é coagido a continuar trabalhando com os criminosos e, durante um assalto à Ace Chemicals, acaba caindo em um dos tanques de produtos químicos. O acidente dá a ele seus traços característicos de cabelos verdes, lábios vermelhos e pele pálida, além de afetar sua sanidade mental.

 

Essa história de origem está entre as melhores pois justifica a existência do Coringa aos poucos, com a paciência necessária para que o surgimento do personagem faça sentido. É desse arco que surgiu a famosa frase do Coringa de que “só é preciso um dia ruim pra reduzir o mais são dos homens a um lunático”.

 

 

3 – PIORES: Ele é um ser imortal que assombra Gotham

 

Em ‘Batman: Endgame’, temos mais um exemplo de uma história de origem que à primeira vista parece ser inovadora e tem o potencial de ser incrível, mas isso não dura muito quando você pensa sobre as muitas incongruências que isso traz.

 

Nos quadrinhos, é sugerido que o Coringa seja o ‘Homem Pálido’, uma criatura imortal que peregrina pelo mundo desde antes do surgimento da cidade de Gotham. Essa explicação “sobrenatural” explicaria muitas características do vilão, como o fato dele parecer ser imune à dor e ser capaz de sobreviver a todo tipo de acidente, ataque ou explosão. No entanto, parte da genialidade do personagem, como já mencionado, é o fato de que ele é um homem que eventualmente se torna mais do que isso, e não literalmente uma criatura não-humana (como alguns dos outros vilões de Gotham).

 

Essa história de origem faz ainda menos sentido quando se consideram as múltiplas tentativas fracassadas de derrotar o Batman, o constante uso de explosivos e armas de fogo, dentre tantos outros argumentos, fazendo com que essa história contribua mais para a “desconstrução” do personagem do que para a explicação de sua existência.

 

4 – MELHORES: O Coringa de ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’ é um veterano de guerra

 

Apesar de ocupar uma posição dentre as melhores teorias sobre a origem do personagem, essa explicação para o surgimento do Coringa não é canônica, e sim uma teoria proposta pelo usuário do Reddit ‘hokky, que desde então viralizou como uma das melhores teorias sobre o icônico papel interpretado por Heath Ledger.

 

Por mais que a versão dirigida por Nolan do palhaço do crime seja oficialmente mais um dos tradicionais “Coringas sem história de origem”, a performance de Heath Ledger foi tão única que parecia merecer uma explicação distinta, e o fã que propôs a teoria cita várias evidências que a justificam.

 

Tudo parece apontar para essa hipótese: esse Coringa é um inteligentíssimo planejador tático, tem excelentes habilidades de luta e um alto conhecimento sobre como o sistema jurídico e burocrático funcionam, além de aparentemente ter tido péssimas experiências com ele. Toda a genialidade do Coringa em executar planos e improvisar quando necessário parecem apontar para um treinamento militar prévio.

 

No post original, outros usuários também mencionaram o fato de que as guerras têm o potencial de deixar as pessoas “loucas”, sendo a insanidade do Coringa um possível resultado de estresse pós-traumático. Além disso, há uma cena em que o vilão afirma que “caso fosse anunciado que amanhã uma tropa de soldados morreria, ninguém iria se importar”, quase como se ele ressentisse a própria constatação. Independente de nunca ter sido negada ou confirmada, essa é uma das teorias sobre o surgimento do palhaço do crime que mais parece fazer sentido.

 

5 – PIORES: Ele simplesmente estava entediado.

 

É até difícil de pensar numa justificativa mais preguiçosa e sem sentido para o surgimento do Coringa do que simplesmente dizer que um certo dia, por nenhum outro motivo aparente, um criminoso resolveu atazanar o Batman para lidar com o tédio. Mas é justamente assim que o Coringa é retratado em “Lovers and Madmen”.

 

Nesses quadrinhos, o palhaço do crime teria surgido quando um criminoso chamado Jack, entediado com sua rotina como assaltante de bancos, resolve deliberadamente provocar o Cavaleiro das Trevas. Um dia, perseguido até a Ace Chemicals, Jack tem o rosto cortado por um dos batarangues de Batman, caindo num tanque de produtos químicos que o fez ganhar as características clássicas de pele pálida, cabelo verde e lábios vermelhos.

 

Apesar de não ser a justificativa mais absurda para o surgimento do Coringa, é sem dúvidas uma das mais preguiçosas. Além de reciclar elementos de outras histórias de origem, como a queda em um tanque de produtos químicos visto em ‘The Killing Joke’ e sua carreira prévia como um ladrão de bancos chamado Jack, como visto no filme ‘Batman’ de 1989, a principal motivação do Coringa nessa história (estar entediado) era algo banal, quase infantil, muito diferente do idealista do caos com que estamos acostumados.

 

6 – MELHORES: Um contexto social para o Coringa

 

Apesar de não ter agradado tanto os fãs mais tradicionalistas dos quadrinhos de Batman (talvez por ter mexido com alguns fatos canônicos do universo de Gotham) o filme ‘Joker’ de 2019 é uma das interpretações mais intensas e complexas do palhaço Príncipe do Crime, cujo nome real é ‘Arthur Fleck’ nessa versão.

 

Tudo sobre o Coringa aqui é mais complexo e sombrio do que qualquer outra de suas versões: suas gargalhadas são involuntárias e causam até dor e desconforto para Arthur, a identidade de palhaço e sujeito sorridente é uma forma de encarar uma vida de depressão e traumas, e todos os atos de violência do personagem podem ser vistos como retribuições diretas à violência, humilhação e abuso que lhe foram causados.

 

Não há nenhum tanque de ácido, carreira criminosa ou psicopatia inata que o justifiquem aqui, apenas um longo histórico de abusos e sofrimento psicológico agravados por uma sociedade injusta e corrupta que não foi capaz nem de impedir nem de reparar os estragos causados por essa violência. Não é difícil imaginar por que essa versão “socialmente crítica” do Coringa caiu nas graças tanto do povo de Gotham quanto do público que assistiu ao filme.

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