As escolas estão sendo obrigadas a passar para os alunos o “kit gay”? Escolas públicas estão ensinando sobre sexo nas aulas? Confira o desfecho destas questões ao longo do texto.
É muito comum que em época de eleições os candidatos comecem a marcar presença com frequência na telinha da TV. O Jornal Nacional, por exemplo, está fazendo uma maratona de entrevista com os presidenciáveis, que começou nesta segunda-feira (27).
Jair Bolsonaro (PSL) foi entrevistado e, como sempre, soltou uma daquelas polêmicas, só que agora envolvendo as escolas públicas. O próprio citou em rede nacional que as escolas públicas estão distribuindo para crianças e adolescentes um kit sobre sexualidade. Seria verdade?
O que o Bolsonaro disse sobre o “kit gay” no JN?
Bolsonaro abordou o tema “kit gay”. O assunto surgiu quando o candidato tentava se explicar sobre um evento que aconteceu em 2010, que abordava o tema “sexualidade na infância”.
O evento de princípio LGBT aconteceu na Câmara dos Deputados e, segundo Bolsonaro, era denominado como “9º Seminário LGBT Infantil”. Sendo assim, neste mesmo encontro era lançado o livro “Aparelho Sexual e Cia”, o famigerado “kit gay”. ]
O próprio candidato apresentou o livro em rede nacional e soltou a seguinte fala: “tirem as crianças da sala, se bem que na biblioteca das escolas públicas tem”.
Mas será que o livro foi distribuído nas escolas mesmo? Ou, melhor, será que esse livro realmente existe? Confira a resposta logo abaixo.
As escolas públicas já estão distribuindo o “kit gay”?
Antes mesmo da declaração dada no Jornal Nacional, o assunto já era debatido e compartilhado nas redes sociais. Inclusive, já intrigou muita gente. Mas, esse tal kit, com conteúdo de sexo explícito, nunca existiu. Entenda.
É… As fake news chegaram ao horário nobre da TV brasileiro e dessa vez proferidas por um candidato à Presidência da República. No entanto, o “kit gay” jamais existiu e não passa de uma distorção das informações reais.
O seminário LGBT não era de cunho infantil, era um evento que tratava a infância e sexualidade como tema principal.
Além disso, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) nunca produziu e muito menos distribuiu o livro “Aparelho Sexual e Cia”. Veja a nota divulgada pelo órgão em 2016, quando o assunto ganhou compartilhamentos e ficou viral.
O Ministério da Educação (MEC) informa, em nota, que não produziu e nem adquiriu ou distribuiu o livro “Aparelho Sexual e Cia”, que, segundo vídeo que circula em redes sociais, seria inadequado para crianças e jovens brasileiros. O MEC afirma ainda que não há qualquer vinculação entre o ministério e o livro, já que a obra tampouco consta nos programas de distribuição de materiais didáticos levados a cabo pela pasta.
O vídeo que circula nas redes sociais sustenta que o governo distribuiu e, assim, estaria “estimulando precocemente as crianças a se interessarem por sexo”.
O Ministério da Educação informa que o livro em questão é uma publicação da editora Cia das Letras e que a empresa responsável pelo título informa, em seu catálogo, que a obra já vendeu 1,5 milhão de exemplares em todo o mundo e foi publicada em 10 idiomas.
As informações equivocadas presentes no vídeo, inclusive, repetem questão que tinha sido esclarecida anos atrás. Em 2013, o Ministério da Educação já havia respondido oficialmente à imprensa que “a informação sobre a suposta recomendação é equivocada e que o livro não consta no Programa Nacional do Livro Didático/PNLD e no Programa Nacional Biblioteca da Escola/PNBE”.
O ministério também disse que a revista Nova Escola, edição 279, de fevereiro de 2015, que traz a matéria “Educação sexual: Precisamos falar sobre Romeo…”, uma reportagem sobre sexo, sexualidade e gênero, dirigida a professores, “não é uma publicação do MEC, e sim da Editora Abril”.
“O vídeo que apresenta as obras como sendo do MEC, em nenhum momento, comprova a vinculação do Ministério aos materiais citados, justamente porque essa vinculação não existe”, enfatiza a nota, divulgada, na noite desta quarta-feira (13), pelo ministério.
Conclusão do caso
O “kit gay” nunca existiu e isso foi provado pelo próprio MEC em 2016. O conteúdo não é disponibilizado para os alunos da rede pública de ensino e nunca aconteceu o 9º Seminário LGBT Infantil.