wikileaks

Alvo de debates desde a semana passada, o site WikiLeaks e seu criador Julian Assange, dividem diferentes posições entre empresas e governos, após a divulgação de mais de 250 mil documentos diplomáticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos.

O site de vazamento de documentos secretos ganhou notoriedade pela primeira vez em meados deste ano, quando divulgou um vídeo no qual militares dos Estados Unidos fuzilavam iraquianos de um helicóptero.

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Desde julho de 2007, o site tem publicado documentos delicados por meio do que descreve como “vazamento com princípios”, abrigando ao todo mais de 1 milhão de documentos, desde o manual da prisão de Guantánamo até a lista de filiados do Partido Nacional britânico, de extrema-direita. O Wikileaks é considerado um novo ícone do jornalismo investigativo e também vem sendo duramente condenado como risco à segurança internacional.

Como funciona o WikiLeaks

Apesar do nome, o WikiLeaks não é mais um wiki, pelo menos não no sentido convencionado pela Mediawiki. Apesar de ainda usar o mesmo CMS da Wikipedia – o MediaWiki – o site não pode mais ser alterado por colaboradores externos, e se tornou principalmente uma espécio de agência de segredos revelados. Todo o conteúdo que o site publica atualmente no site passa por apuração e revisão dos ativistas do WikiLeaks antes de ser publicado, como em uma empresa jornalística tradicional.

Nem sempre foi assim, porém. Antigamente o site era um verdadeiro wiki, em que as pessoas poderiam postar todas as informações que quisessem de maneira segura. Conforme o site cresceu e as informações disponíveis foram ficando mais sérias, o site foi perdendo seu espírito de colaboração mais livre e se tornando uma canal de divulgação mais elaborado.

Mas ainda hoje em dia há diferença entre o WikiLeaks e os outros jornais e agências de notícias além da especialização em informações confidenciais e segredos de estado. Para proteger suas fontes ao máximo (algo que todo o jornalista deveria fazer), o WikiLeaks disponibiliza meios seguros para que os informantes possam enviar o material sem serem descobertos ou identificados – nem mesmo pelo WikiLeaks – se a pessoa assim o quiser.

Os vazamentos de 2010

2010 foi o grande ano do WikiLeaks: em julho, um impactante video mostrando jornalistas e outros inocentes sendo mortos por um helicóptero dos EUA no Iraque causou grande polêmica, e chegou a resultar em pelo menos uma prisão – não dos soldados, mas de Bradley Manning, que teria vazado o vídeo criptografado, que foi então decodificado pelo WikiLeaks e publicado em abril pelo site.

Em julho e outubro desse anos, o site divulgou relatórios da guerra no Afeganistão e Iraque, respectivamente, causando grande comoção. As informações obtidas no relatório mostravam guerras muito mais difíceis, caras, e até derrotas que os EUA e seus aliados não admitiam. Indícios de tortura e outros crimes de guerra também estavam no relatório, assim como os documentos tornaram evidente a indisposição dos militares em investigar os casos.

Com a divulgação destes relatórios, o WikiLeaks começou a ser tratado pelos governos de diversos países, em especial os EUA, como uma ameça à segurança nacional, e Assange alegou estar sofrendo perseguição. No mês seguinte à publicação dos relatórios da guerra do Iraque, Assange foi acusado de crimes sexuais por duas mulheres e no dia 30 de novembro, uma ordem internacional de prisão foi expedida contra ele pela Interpol.

Revelações sobre o Brasil

brasilUm documento secreto assinado em fevereiro de 2009 pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e divulgado  pelo WikiLeaks, mostra que alguns recursos naturais brasileiros estão em uma lista de interesses estratégicos de Washington e são considerados “vitais” para a segurança nacional americana.

O documento traz uma relação de cerca de 300 locais espalhados pelo mundo cuja perda “pode ter um impacto crítico na segurança econômica, saúde pública ou na segurança nacional dos EUA”. A recomendação de Hillary era para que todas as embaixadas produzissem uma lista onde há pontos “críticos de infraestrutura” e “recursos-chave” em cada país.

No Brasil, os locais relacionados foram: dois cabos submarinos de telecomunicação em Fortaleza (CE) e um no Rio de Janeiro, as minas de minério de ferro e manganês da multinacional Rio Tinto – que hoje pertencem à Vale – e as minas de nióbio de Araxá (MG) e Catalão (GO). Não constam da lista as reservas do pré-sal e nem os recursos biológicos da Amazônia, alardeados pelo governo brasileiro como locais que precisam ser protegidos da ameaça externa.

O Brasil tem 98% das reservas mundiais exploráveis de nióbio, metal usado em ligas de grande resistência, matéria-prima para cápsulas espaciais, mísseis, foguetes, reatores nucleares e semicondutores. O produto é tido como fundamental para a indústria bélica e espacial dos EUA, que importa do Brasil até 87% do nióbio de que necessita.

Prisão de Julian Assange

julian assangeO australiano Julian Assange, de 39 anos, fundador do site WikiLeaks, foi preso nesta terça-feira 07/12 pela Polícia Metropolitana de Londres, na Grã-Bretanha. Reponsável por um verdadeiro terremoto diplomático – provocado pela recente divulgação de dezenas de milhares de documentos sigilosos da diplomacia americana -, Assange é acusado de ter praticado crimes sexuais contra duas mulheres na Suécia, em agosto deste ano. Ele nega as acusações. Fontes diversas atribuem esta prisão a uma suposta armação dos EUA, mas a justiça ainda investiga o caso.

Os dois lados

Ao mesmo tempo que grandes empresas como Amazon ou Paypal abandonaram o WikiLeaks, centenas de entusiastas ajudam agora o site, seja hospedando um mirror, um torrent ou doando à instituição.

Alguns por serem a favor da liberdade de expressão, ou por concordarem com a causa do site, ou por outros motivos. E com a facilidade em se fazer um mirror do WikiLeaks, eles estão se espalhando pela web.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que deveria haver protesto contra a prisão de Julian Assange, e que o erro não é dele que divulgou, mas dos diplomatas que fizeram os documentos.

Lula criticou a busca mundial por de Assange. “Ele desnuda a diplomacia, que parecia inatingível e a mais certa do mundo, e começam uma busca. Não sei se colocaram cartaz como no tempo do faroeste, ‘procura-se vivo ou morto’, e prenderam o rapaz. Não vi um voto de protesto”, disse. Engraçado que o presidente apesar de dizer apoiar a liberdade, não apóia a abertura dos arquivos da ditadura. Hipocrisia pouca é bobagem.

Um grupo de hackers que se apresenta como Anon-Operation disse ter derrubado o site da Mastercard, mas a empresa se negou a comentar o assunto.

O grupo alega estar lutando pela “liberdade na internet” e contra a censura, e afirma que o site mastercard.com é seu “atual alvo”.

O PostFinance, braço bancário do correio suíço, confirmou nesta quarta-feira que seu site vinha sofrendo “ataques de negação de serviço” desde que encerrou a conta de Assange, na segunda-feira. A PayPal, que deixou de permitir doações ao WikiLeaks, também foi atacada. A empresa de pagamentos diz que tomou a decisão após o Departamento de Estado Americano determinar que as atividades do WikiLeaks eram ilegais nos Estados Unidos.

Outras empresas que se afastaram do WikiLeaks, como o banco suíço PostFinance, que congelou a conta de Assange, também sofreram ataques. O banco diz que o fundador do site forneceu informações falsas ao abrir a conta na instituição.

Especialistas em segurança dizem que os sites foram atacados por um mecanismo chamado DDoS (distributed denial-of-service attack) que faz com que as páginas saiam do ar.

O próprio Twitter chegou a bloquear a hashtag #wikileaks, no primeiro caso de censura noticiado nesta rede social.

E você? O que acha disso tudo?

Fonte: Último segundo/G1/Reuters

One thought on “Entenda o caso Wikileaks… e o que você tem a ver com isso”

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